A sombra do vento
Autoria: Carlos Ruiz Zafón
Editora: Suma de letras
Nota:
5 estrelas e ao
infinito e além
Sinopse: A Sombra do
Vento é uma narrativa de ritmo eletrizante, escrita em uma prosa ora poética,
ora irônica. O enredo mistura gêneros como o romance de aventuras de Alexandre
Dumas, a novela gótica de Edgar Allan Poe e os folhetins amorosos de Victor
Hugo.
Ambientado na
Barcelona franquista da primeira metade do século XX, entre os últimos raios de
luz do modernismo e as trevas do pós-guerra, o romance de Zafón é uma obra
sedutora, comovente e impossível de largar. Além de ser uma grandiosa homenagem
ao poder místico dos livros, é um verdadeiro triunfo da arte de contar
histórias.
Tudo começa em
Barcelona, em 1945. Daniel Sempere está completando 11 anos. Ao ver o filho
triste por não conseguir mais se lembrar do rosto da mãe já morta, seu pai lhe
dá um presente inesquecível: em uma madrugada fantasmagórica, leva-o a um
misterioso lugar no coração do centro histórico da cidade, o Cemitério dos
Livros Esquecidos. O lugar, conhecido de poucos barceloneses, é uma biblioteca
secreta e labiríntica que funciona como depósito para obras abandonadas pelo
mundo, à espera de que alguém as descubra. É lá que Daniel encontra um exemplar
de "A Sombra do Vento", do também barcelonês Julián Carax. O livro
desperta no jovem e sensível Daniel um enorme fascínio por aquele autor desconhecido
e sua obra, que ele descobre ser vasta.
Obcecado, Daniel
começa então uma busca pelos outros livros de Carax e, para sua surpresa,
descobre que alguém vem queimando sistematicamente todos os exemplares de todos
os livros que o autor já escreveu. Na verdade, o exemplar que Daniel tem em
mãos pode ser o último existente. E ele logo irá entender que, se não descobrir
a verdade sobre Julián Carax, ele e aqueles que ama poderão ter um destino
terrível.
Avaliação: Acredito que resenhar esse livro de um jeito que lhe faça jus,
é impossível. Mas tentarei me expressar da melhor forma possível.
Quando resolvi comprar numa promoção do submarino a trilogia
do cemitério dos livros esquecidos, o fiz com certo receio. Não sabia bem do
que se tratava os livros. As sinopses e algumas resenhas que eu tinha lido, por
mais que exaltassem ao extremo as histórias de Zafón, o enredo me parecia
simples demais para levar uma fama tão boa. Mesmo assim, resolvi comprar e um
dia, peguei a sombra do vento para
ler e tentar entender o que as pessoas viam de tão especial nas obras de Zafón.
Apesar da folha ser branca e tão fina que dá pra ver o que
está escrito atrás, dificultando a leitura, isso não me impediu de ler páginas e
páginas sem sentir. As primeiras 100 páginas mais ou menos ainda me deixaram
apreensiva de “será que vai ser bom?”. Isso porque o autor conta a vida de
Daniel Sempere até chegar no ponto chave onde o mistério acaba envolvendo o
leitor e aí não tem mais volta. Você se descobre apaixonado pela narrativa e
pelos personagens e não sabe direito como isso aconteceu. E por isso, você não
sabe se lê rápido, se devora o livro ou se mastiga devagar, para nunca acabar.
O enredo gira em torno de Daniel Sempere, que um dia, quando
criança, é levado pelo pai a conhecer o cemitério dos livros esquecidos, onde
existem duas regras; a primeira é não contar a ninguém sobre o lugar. E a
segunda é que a primeira vez que a pessoa vai até lá, tem direito de levar
qualquer livro. E o cemitério é um lugar enorme, semelhante a um labirinto,
onde existem lendas que algumas pessoas se perdem e não voltam mais. Enfim...
Daniel escolhe um livro ou o livro escolhe o Daniel, como alguns gostam de
pensar e ao levar para casa e ler a história, o garoto se vê envolvido a tal
ponto que resolve procurar mais obras do autor Julián Carax. Só que ele acaba
descobrindo que além de quase ninguém ter ouvido falar de Carax, os livros
restantes do autor estão sendo todos queimados e destruídos ao longo dos anos.
A partir desse cenário, acontecem muitos desdobramentos, muitos mistérios e
suspense. Um suspense que beira ao sobrenatural. No entendo, não dá pra definir
o gênero desse livro, porque tem de tudo um pouco. Romance, drama, mistério,
suspense. E tudo arquitetado com maestria.
- Pois bem, esta é uma história de livros.
- De livros?
- De livros malditos, do homem que os escreveu, de um personagem que fugiu das páginas de um romance para queimá-los, de uma traição e de uma amizade perdida. É uma história de amor, de ódio e dos sonhos que moram na sombra do vento.”
Em A sombra do vento, além do enredo ser viciante, os
personagens são apaixonantes. Me apaixonei pelo Daniel de um jeito que nem dá
pra explicar. E Fermín Romero de Torres? O que era aquele homem? Simplesmente
um dos melhores personagens já criados nesse mundo! Ele tornou-se o melhor
amigo de Daniel e era ele quem dava um toque mais cómico e sábio à história.
Era como se as partes em que Fermín apareciam tivessem algo de especial.
“As pessoas tendem a complicar as suas próprias vidas, como se a vida já não fosse suficientemente complicada.”
O interessante é que Zafón escreve de tal forma que faz com
que o leitor visualize os personagens na sua forma real. Daniel, Fermín e todos
os outros, são reais para mim. Eu penso no Fermín, por exemplo, mesmo depois de
meses que li o livro, consigo lembrar do seu jeito de falar, do seu jeito de
andar, do seu rosto e até da sua voz, mesmo sem lembrar das descrições
impressas nas páginas do livro. Porque é como se eu não precisasse lembrar do
que está escrito, já que eu conheço
Fermín pessoalmente. Mesmo que eu de fato não conheça, nem remotamente, alguém
parecido com ele. E o mesmo vale para o Daniel.
Zafón tem um jeito de escrever, de contar história, de criar
suspense, que eu nunca vi igual e nem sequer parecido. Embora já ouvi ele sendo
comparado com grandes escritores mais antigos. Ele escreve extremamente bem,
sem que a leitura se torne chata, sem que as palavras sejam confusas, sem que
você precise usar um dicionário. E ao ler, você nota naturalidade na escrita.
Acho que por isso, o enredo flui como água. É como se ele fosse um gênio, mas sem
o ego gigante. É como se ele nem se esforçasse, como se as palavras saíssem
dele como o ar que ele respira e mesmo assim, é a coisa mais perfeita do mundo.
E tudo isso eu senti só de ler A sombra
do vento.
“O destino costuma estar na curva de uma esquina. Como se fosse uma linguiça, uma puta ou um vendedor de loteria: as três encarnações mais comuns. Mas uma coisa que ele não faz é visitas em domicílio. É preciso ir atrás dele.”
Há uma complexidade e ao mesmo tempo simplicidade quase palpável
no enredo. E por mais palpável que seja, não é explicita. Existe algo
inenarrável na linguagem dos livros do Zafón que nem parece desse mundo. As
palavras, as frases, os diálogos e as descrições te envolvem sem que você
perceba, ganham vida sem que você repare e com isso, te fascinam. Mas parece
que você nunca vai saber exatamente o que te atingiu ou como o Zafón te fisgou
daquela forma. Porque se você for ler fora do contexto, frases soltas, ele
poderia ser comparado a um poeta como muitos outros. Mas no texto corrido, um
capítulo após o outro, você percebe que não existe nada igual à escrita do
Zafón e suas histórias. Creio que só quem vai entender o que eu estou dizendo,
é quem já leu e gostou tanto quanto eu.
A sombra do vento é o tipo de livro que se você me diz que
leu e não gostou, então eu vou achar que você é louco ou que você ainda precisa
ler muito livro pra ter a sensibilidade de perceber o quão magnífica é a
escrita do Zafón e que nada que ele escreva fica mais ou menos, simplesmente
porque ele é um escritor com todas as pompas e com “E” maiúsculo e eu sinto que
mesmo que um dia eu venha a ler um enredo pobre, eu ainda vou me apaixonar
pelas palavras dele.
“- A televisão, amigo Daniel, é o Anticristo, e digo-lhe que bastarão três ou quatro gerações para que as pessoas não saibam nem dar peidos por sua conta e o ser humano regresse às cavernas, à barbárie medieval e a estados de imbecilidade que a lesma já ultrapassou lá para o Plistoceno. Este mundo não morrerá de uma bomba atómica, como dizem os jornais, morrerá de riso, de banalidade, fazendo uma piada de tudo, e aliás uma piada sem graça.”
Enfim, claro que não vou realmente julgar ninguém que tenha
odiado A sombra do vento ou qualquer outro livro do Zafón, eu simplesmente não
vou entender essa pessoa, mas tudo bem.
No mais, na minha humilde opinião, leia todos os livros do
Zafón. Ainda não li todos, mas pretendo ler tudo que for publicado dele, sem o
menor medo de me decepcionar. Para mim, ele é o melhor escritor da atualidade.
Ainda não conheci nenhum outro que sequer se aproximasse da genialidade dele.
Pra finalizar, eu só fico imaginando se na tradução eu sinto
e percebo tudo isso, como não deve ser
em espanhol, na versão original...
“Os tolos falam, covardes se calam, os sábios ouvem.”
Por: Mar
Eu comecei a ler esse livro mas não rendi muito e acabei parando! Não entendi pois sempre leio resenhas super favoráveis de pessoas em cuja opinião confio! Acho que eu não estava no momento certo para o livro, ou talvez o começo seja um pouco mais devagar mesmo e eu precise continuar até pegar o embalo! Certamente vou tentar de novo!!
ResponderExcluirSamara - www.infinitoslivros.com
Acho que pode haver vários fatores pelos quais a leitura não te prendeu. Dê mais uma chance. Zafón é espetacular! E a sombra do vento é o melhor que li dele, até agora. Leia com calma, não tente ler pra devorar. A escrita do Zafón é feita pra ser degustada, cada palavra e frase. E sim, acho que os começos do Zafón são um pouco devagar, pois ele tenta ambientar a pessoa na história primeiro. E ele não atropela fatos, nem nada do tipo. Acho que por conta disso, dificulta um pouco para algumas pessoas... Mas a história é EXCELENTE. Tente de novo!
ExcluirMar
Pois é Mar! Eu imagino que não estava no momento ideal para um leitura mais devagar. Certamente não desistirei dele, depois de tanta opinião positiva que li! Estou com Marina aqui para tentar estrear o autor! Vamos ver!
ExcluirTomara que você goste! Ainda não li Marina, mas pretendo ler. Aliás, pretendo ler todos do Záfon <3
ExcluirMar
Vim te contar que li Marina!!
ExcluirO livro é excelente! Fiquei boquiaberta e já quero ler outros do autor! ;)
Aaah, sabia que você ia se render ao zafon haha impossível não gostar da escrita desse homem *-*
ExcluirPreciso pegar mais indicações aqui com vcs! ;)
ExcluirHehehehehehe