quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Clube da Luta (resenha)

Clube da Luta
Autoria: Chuck Palahniuk
Editora: Leya
Nota: 5 estrelas
Sinopse: Considerado um clássico moderno desde sua publicação em 1996, o livro Clube da Luta consagrou Chuck Palahniuk como um dos mais importantes e criativos autores contemporâneos, além do próprio livro como um cânone da cultura pop. O livro que estava esgotado há anos volta às livrarias nessa caprichada edição. O clube da luta é idealizado por Tyler Durden, que acha que encontrou uma maneira de viver fora dos limites da sociedade e das regras sem sentido. Mas o que está por vir de sua mente pode piorar muito daqui para frente. 

Avaliação:
A primeira regra do clube da luta, é que você não fala sobre o clube da luta.
A segunda regra do clube da luta, é que você não fala sobre o clube da luta.

E aqui vou eu quebrar as duas primeiras regras falando sobre o clube da luta...

Acredito que todo mundo que lê, possui alguns títulos na memória que ficarão marcados para sempre. Clube da Luta entrou para a minha lista mental de favoritos. O filme é bem conhecido, mais até do que o livro que o originou. Se algum dia na minha vida assisti ao longa metragem, não me recordo. Por isso, tudo que li era inédito. Comprei sem saber do que se tratava o enredo. Mas pensei “se todos falam tão bem do filme, o livro não deve ser ruim”. Embora esse tenha sido meu pensamento, confesso que não criei muitas expectativas.

O inicio é bem confuso. Os primeiros capítulos me deixaram acreditando que a leitura seria difícil, que eu ia precisar filosofar muito pra entender tudo. Só que não foi bem assim, graças a Deus! A leitura começou a ficar muito gostosa ao ponto de eu ter pena de ler, pois o livro é curtinho e iria acabar rápido. Agora que acabou, estou com aquela sensação de ter ficado órfã.

Eu pensava que seria só sobre lutas, sabão (quem já leu ou viu o filme vai entender) e filosofia. Mas ai aparece uma mulher. Um romance! Um triângulo! Um clichê! Um clichê dos mais incomuns possíveis, mas ainda assim, um clichê. Jurava que seria uma leitura pesada, devido à abordagem das lutas e pancadaria. Surpreendi-me quando me peguei rindo em diversos trechos. Fiquei me perguntando se fui a única a ler e achar o narrador e a Marla engraçados. Depois de uns três capítulos, me vi viciada.

Basicamente, existem três personagens marcantes. O Tyler Durden, o narrador (que a gente não descobre o nome, ele representa apenas uma pessoa comum) e Marla Singer. Chuck Palahniuk definitivamente soube criar bons personagens, bem embasados e com personalidades reais. Isso por si só já me fez amar o livro.
O narrador é um funcionário comum em uma empresa, com problemas de insônia e que, pra conseguir dormir, frequenta grupos de apoio. Grupos que não têm nada a ver com seus problemas, como “Homens Remanescentes Unidos” que é destinado a homens com câncer de testículo. É numa dessas reuniões desse grupo específico, que ele conhece Marla. Só por esse fato, já dá pra ter uma noção de quão peculiar é essa mulher.

Tyler e o narrador se conhecem durante uma viagem de trabalho. Logo em seguida, vão morar juntos devido uma explosão sem explicação no apartamento do narrador e se tornam melhores amigos. Nos primeiros capítulos, você percebe que Tyler é tudo aquilo que o narrador gostaria de ser, pois enquanto o narrador tem um emprego comum e uma vida medíocre, Tyler é inteligente, esperto, forte, cheio de energia e com coragem o suficiente pra perseguir seus ideais. Ou seja, o leitor se vê cativado pelo idealismo de Tyler Durden.

A ideia do clube da luta surge em um bar, quando Tyler pede para o narrador lhe bater. A partir desse ponto, muita coisa acontece. O clube da luta vai ganhando grandes proporções porque muitos homens se identificam com a filosofia e modo de pensar de Tyler. Para esses homens, levar socos fazia todo sentido.

Com relação a esse livro, eu prefiro não comentar muito sobre o enredo, nem sobre os personagens. A graça e a magia acontecem melhor se você for ler na ignorância. Ai sim, a genialidade do autor aparece. Acho que se eu tivesse alguma recordação do filme, a leitura não teria sido tão impactante. E eu, que não esperava nenhum mistério, acabei sendo surpreendida da melhor forma possível.

Sobre as críticas e filosofias que o autor inseriu em todo o contexto da trama, você absorve sem nem sentir. Não é aquele tipo de leitura densa, que exige muito do leitor. Não é aquele livro que você lê preparada pra tirar alguma lição, embora eu tenha começado a ler dessa forma. Até eu começar a me apaixonar pelos personagens e rir do narrador e suas tiradas cômicas sutis. Depois disso, foi puro divertimento. Eu quase nem prestei atenção no que estava por trás de toda a violência. E mesmo assim, é impossível não notar a crítica ao consumismo, à sociedade moderna, aos padrões, a essa busca por uma identidade própria e por aí vai. Também há todo um questionamento sobre a morte.

“ Você não é o que você veste, você não é a sua camisa da Hollister, sua cueca Calvin Klein, seu terno Armani, sua bolsa Prada ou seu tênis Nike”

A luta externa, a meu ver, só representava metaforicamente, a luta interna diária de todo ser humano que nasce, cresce, estuda, trabalha, faz família... E vive apenas para isso. Trabalhar, ganhar dinheiro e comprar coisas que não precisa. E também, essa questão de que vivendo essa vida padronizada, você acaba não vivendo. Levar porrada e sentir dor era uma forma de se sentir vivo.

 A forma como o autor vai levando e mostrando os fatos da história é um pouco diferente do que eu estava acostumada. Ele dá saltos, pulos e deixa buracos de um capítulo para o outro e às vezes, dentro do mesmo capítulo. Por isso, quando iniciei a leitura, achei confuso e estranhei. Mas confiem em mim, no final, tudo faz sentido. Todas as pontas soltas são amarradas magistralmente.

E antes que eu esqueça, não sei dizer ao certo o motivo, mas os personagens me lembraram muito os personagens de O Lado Bom da Vida. O narrador me lembrou demais o Pat Peoples e a Marla me lembra a Tifanny e ao mesmo tempo, a mãe do Pat. E a relação do Tyler e da Tifanny me lembrava da relação dos pais do Pat. Talvez eu seja a única que vê semelhança.

Amei a capa, a diagramação, a folha e o tamanho da letra. Não tenho nenhuma ressalva com relação à edição que tenho.

Clube da Luta é um daqueles livros que eu acho que todos deveriam ler. Recomendo!

Por: Mar


4 comentários:

  1. Oi Mar! Uau, que resenha perfeita! *--* Parabéns! Já ouvi falar do filme, mas nunca assisti.Confesso que a primeira coisa que eu pensei é que O Clube da Luta só tinha violência, mas fico feliz em saber que não é só isso! Ainda por cima tem um romance *o* Como assim? Gostei :D Achei bem curioso essa ideia do narrador não ter uma identidade, nunca li um livro assim. Lógico que vai para minha listinha de desejados! <3 Se eu encontrar na Bienal eu compro <3

    Beijos.

    http://livros-nerdices-tudomais.blogspot.com.br/

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    Respostas
    1. Obrigada! Espero que você consiga comprar. É uma leitura muito viciante, vale muito a pena.
      Invejinha de quem vai pra Bienal haha Mas aproveite!
      Mar.

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  2. Oi Mar, achei sua resenha incrível. Sempre tiver muita curiosidade em ler esse livro, nunca vi o filme nem nada, mas o livro me chama muito a atenção, tanto pelo enredo quanto pela capa.
    Beijos, espero um dia que eu leia.
    lendocomabianca.blogspot.com

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    Respostas
    1. Pois leia o livro antes de assistir o filme. Nossa, é uma leitura muuuuuito boa. Não cansa, sabe? Sem contar que tem conteúdo, tem tudo... é um livro completo.
      Mar

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