terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Como eu era antes de você (resenha)

Como eu era antes de você
Autoria: Jojo Moyes
Editora: Intrínseca
Nota: 5 estrelas
Sinopse: Aos 26 anos, Louisa Clark não tem muitas ambições. Ela mora com os pais, a irmã mãe solteira, o sobrinho pequeno e um avô que precisa de cuidados constantes desde que sofreu um derrame. Além disso, trabalha como garçonete num café, um emprego que ela adora e que, apesar de não pagar muito, ajuda nas despesas. E namora Patrick, um triatleta que não parece interessado nela. Não que ela se importe.

Quando o café fecha as portas, Lou se vê obrigada a procurar outro emprego. Sem muitas qualificações, a ex-garçonete consegue trabalho como cuidadora de um tetraplégico. Will Traynor, de 35 anos, é inteligente, rico e mal-humorado. Preso a uma cadeira de rodas depois de um acidente de moto, o antes ativo e esportivo Will desconta toda a sua amargura em quem estiver por perto e planeja dar um fim ao seu sofrimento. O que Will não sabe é que Lou está prestes a trazer cor a sua vida. E nenhum dos dois desconfia de que irá mudar para sempre a história um do outro.

Avaliação: Não sei dizer exatamente o que me fez comprar e ler como eu era antes de você. Eu sei que muitas pessoas falavam bem, mas em geral, isso não me afeta quando se trata de um livro sobre romance. O que importa é que eu comprei, li e amei. Amei de uma forma até difícil de explicar.

O enredo gira em torno de Louisa Clark e Will Traynor. Ele é um tetraplégico mal humorado, rico, jovem e sem vontade de viver. O que é justificável, pois no passado, Will era um empresário bem sucedido, que gostava de aventura, de viajar e de curtir a vida. Ela é uma mulher de 26 anos sem a menor perspectiva de vida, sem um pingo de ambição, completamente acomodada com a vida e muito satisfeita em trabalhar em um café. Até que esse café fecha e Lou, apesar de chateada, precisa arranjar um novo emprego para ajudar nas despesas de casa. Assim, acaba indo trabalhar de cuidadora de Will.

A vida de cuidadora de um cara rabugento não é fácil. Louisa pensa em desistir do emprego diversas vezes, mas por necessidade e por pressão da família, continua trabalhando. E por falar em família, a autora dá bastante ênfase aos laços, relações e conflitos familiares. Coisa que eu adoro! Tanto a família da Lou quanto a do Will são bem realistas.

“Exceto pelo gosto por roupas exóticas e pelo fato de ser um pouco baixa, não sou muito diferente de qualquer pessoa com que se possa cruzar na rua. Provavelmente, ninguém olharia para mim duas vezes. Uma garota comum, levando uma vida comum. Para mim, estava ótimo desse jeito.”

Durante muito tempo, eu fiquei na duvida se a mãe do Will era chata ou não. Mas no final das contas, ela era simplesmente mãe. Com seus erros e acertos, ela era uma boa mãe e uma mulher admirável. O pai do Will, que embora não aparecesse tanto, eu simpatizei muito facilmente e depois descobri que ele não era assim tão bonzinho. A autora nos mostra que todos possuem qualidades e defeitos. Que ninguém é vilão e ninguém é mocinho. Que pais também erram. Que às vezes um pai faz o que acha que é melhor para um filho e isso não significa que o melhor seja uma coisa boa.

A família da Louisa era simplesmente acolhedora, mesmo com seus conflitos e loucuras. Me apaixonei pelos pais dela e pelo relacionamento deles. Tão real e tão lindo! E o relacionamento da Lou com a irmã? Eu que tenho três, me vi na pele da Lou em vários momentos. As duas juntas me arrancaram até lágrimas dos olhos. Porque, embora elas se amassem, às vezes elas se ofendiam pra valer. Eu tive ódio da irmã mais nova dela em alguns momentos e depois eu lembrava o quanto o comportamento dela é comum entre irmãos. Acredito que todo relacionamento fraternal é de amor e ódio e a autora me fez sentir ambos os sentimentos com nas cenas entre as irmãs.

No entanto, o que mais me marcou e o que mais me fez amar o livro foi justamente o que eu costumo não gostar na maioria das histórias: o romance. Na minha opinião, fugiu dos clichês. A relação de Will e Louisa foi construída aos poucos e de um jeito muito bonito e singelo. Eu acreditava, antes de ler, que era ela quem ia dar sentido a vida de Will após o acidente. Que nada! Era ele quem sabia o que queria o tempo inteiro. Ele sabia o que gostava e o que não gostava. Ela aprendeu a querer mais da vida, a ter sonhos e ir atrás. E eu... Ah, eu aprendi com esse casal que há muito que conhecer, muito que experimentar, muito que aprender. Descobri que sou quase uma Louisa, pois me sinto acomodada no mundo e que isso não é uma coisa boa. Eu posso ser e ter mais.

"Se você tivesse se preocupado em me perguntar, Clark. Se, por uma vez, tivesse me consultado sobre esse tal passeio ao ar livre, eu teria dito a você. Detesto cavalos e corrida de cavalos. Sempre detestei. Mas você não se preocupou em perguntar. Decidiu o que gostaria que eu fizesse e foi frente. Fez o que todo mundo faz. Decidiu por mim."

Não tem aquela frase que o Nando Reis já dizia, sabiamente “estranho seria se eu não me apaixonasse por você”? Pois é, meu sentimento por essa história é basicamente o mesmo; estranho seria se eu não amasse esse livro. Só teve um detalhe que me incomodou, que perto da perfeição que foi o desenrolar de tudo, sumiu da minha memória. Como eu era antes de você foi um dos melhores livros que já li na vida. Quando terminei a leitura, senti um vazio como poucas histórias conseguem me fazer sentir. Você se sente perdida, desorientada, sem querer ler mais nada por um tempo, pois deseja que tudo que acabou de ler fique gravado em você.

(...) Ninguém quer ouvir você falar que está com medo, ou com dor, ou apavorado com a possibilidade de morrer por causa de alguma infecção aleatória e estúpida. Ninguém quer ouvir sobre como é saber que você nunca mais fará sexo, nunca mais comerá algo que você mesmo preparou, nunca vai segurar seu próprio filho nos braços. Ninguém quer saber que às vezes me sinto tão claustrofóbico estando nesta cadeira que tenho vontade de gritar feito louco só de pensar em passar mais um dia assim. (...).

E sobre o final... Espetacular em vários aspectos. Sendo bem sincera, é um desfecho polêmico. Há quem tenha odiado o livro simplesmente por ter achado o final um absurdo e há quem tenha amado. Mas é muito fácil julgar as pessoas, se você nunca esteve na pele dela. Portanto, para quem não leu ainda, eu peço que mantenham as mentes abertas. Não saiam julgando os personagens por suas atitudes. A autora criou personagens dolorosamente reais. Se fossem utópicos, não mexeriam tanto com os sentimentos do leitor. O livro me arrancou lágrimas, me fez ficar sem ação e tocou meu coração. A autora é maravilhosa na hora de descrever emoções e sentimentos. Ela realmente, através das palavras que usa, consegue fazer você sentir todas as emoções de uma forma genuína. Sem exageros, sem forçar a barra, sem drama desnecessário. Você sente tudo como se fosse real e não ficção. Pelo menos, foi essa percepção que tive.

No mais, a capa é linda! A diagramação é ótima, as folhas também.



2 comentários:

  1. Mar estou lendo esse livro, e eu cai na besteira de ler um pedaço dele pela net enquanto o livro não chegava, e adivinha que parte eu li?
    A bendita CARTA, agora eu estou chorando desde o começo do livro, estou indo com calma no livro pq eu sei que ele vai me abalar muito, vai não, já está me abalando. Rs
    Beijos!
    http://aculpaedosleitores.blogspot.com.br/

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  2. Ai não! A pior coisa é você ler spoiler e ainda ler uma parte importante ): Mas é um livro super tocante mesmo. Só lendo pra realmente entender.

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