quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Os homens que não amavam as mulheres (resenha)

Os Homens Que Não Amavam As Mulheres - Trilogia Millennium
Autoria: Stieg Larsson
Editora: Companhia das Letras
Nota: 5 estrelas
Sinopse: Primeiro volume de trilogia cult de mistério que se tornou fenômeno mundial de vendas, Os homens que não amavam as mulheres traz uma dupla irresistível de protagonistas-detetives: o jornalista Mikael Blomkvist e a genial e perturbada hacker Lisbeth Salander. Juntos eles desvelam uma trama verdadeiramente escabrosa envolvendo a elite sueca.

Os homens que não amavam as mulheres é um enigma a portas fechadas - passa-se na circunvizinhança de uma ilha. Em 1966, Harriet Vanger, jovem herdeira de um império industrial, some sem deixar vestígios. No dia de seu desaparecimento, fechara-se o acesso à ilha onde ela e diversos membros de sua extensa família se encontravam. Desde então, a cada ano, Henrik Vanger, o veelho patriarca do clã, recebe uma flor emoldurada - o mesmo presente que Harriet lhe dava, até desaparecer. Ou ser morta. Pois Henrik está convencido de que ela foi assassinada. E que um Vanger a matou.

Quase quarenta anos depois o industrial contrata o jornalista Mikael Blomkvist para conduzir uma investigação particular. Mikael, que acabara de ser condenado por difamação contra o financista Wennerström, preocupa-se com a crise de credibilidade que atinge sua revista, a Millennium. Henrik lhe oferece proteção para a Millennium e provas contra Wennerström, se o jornalista consentir em investigar o assassinato de Harriet. Mikael descobre que suas inquirições não são bem-vindas pela família Vanger. E que muitos querem vê-lo pelas costas. De preferência, morto. Com o auxílio de Lisbeth Salander, que conta com uma mente infatigável para a busca de dados - de preferência, os mais sórdidos -, ele logo percebe que a trilha de segredos e perversidades do clã industrial recua até muito antes do desaparecimento ou morte de Harriet. E segue até muito depois.... até um momento presente, desconfortavelmente presente

Avaliação: Certa vez li uma crítica (positiva) sensacional sobre a trilogia Millennium. Ainda não li todos, mas essa crítica se encaixava perfeitamente no primeiro volume. Em poucas palavras, dizia tudo o que eu pensava sobre os homens que não amavam as mulheres. Não é o melhor livro, nem o mais bem escrito, nem com o melhor dos enredos, mas há uma genialidade na forma como Stieg descreve os fatos e conduz a história, que justifica tamanho o sucesso de sua trilogia. Usando minhas palavras, era basicamente isso que dizia a crítica.

Como sou apaixonada por livros de mistério, suspense e romance policial, acabei me tornando crítica demais quando leio algo do gênero. Também sou muito chata quando se trata de personagens. A história pode ser horrível, mas se os personagens forem bem construídos, tudo ganha uma nova cor. Com os homens que não amavam as mulheres, eu tive o deleite de ler algo bem escrito, bem embasado, com personagens interessantes e um enredo instigante. Ou seja, um livro completo.

Nesse primeiro livro nós conhecemos a dupla que aparecerá nos outros dois volumes, o jornalista Mikael Blomkvist e a hacker Lisbeth Salander. Ele é condenado por difamação e sua revista Millennium acaba sofrendo as consequências. Por conta disso, ele resolve se afastar por um tempo do trabalho. Mas logo em seguida um idoso empresário, Henrik Vanger decide contratá-lo para investigar um crime que aconteceu em sua família há muitas décadas. Mesmo relutante Mikael acaba aceitando. E só mais para o meio do livro, é que Lisbeth se junta a ele na investigação.

O desaparecimento de Harriet Vanger, sobrinha de Henrik, é o grande mistério. E para solucionar o caso, a história da família Vanger é detalhadamente contada no decorrer das páginas. Uma história bem interessante e instigante, pois os familiares de Henrik são complexos, misteriosos e de temperamentos imprevisíveis. Isso faz com que, mesmo que o ritmo da escrita de Stieg seja lento para um livro do gênero, o leitor continue ligado ao enredo.

Sei que pode parecer que o ritmo mais lento para o desenvolvimento da solução do crime seja algo negativo, mas não é. Não é pelo simples fato de que, a atenção que é tirada do suspense em si, volta-se para a construção dos dois personagens principais. Aos poucos, conhecemos Lisbeth, uma garota de vinte e poucos anos, antissocial, cheia de piercings, com uma tatuagem de dragão nas costas, com um estilo punk e uma hacker inteligentíssima. E um jornalista conhecido que vê sua vida desmoronando após ser condenado por difamação.

Os dois personagens principais são o ponto alto do livro, em minha opinião. Lisbeth é o tipo de personagem que é impossível não gostar ou não se reconhecer, nem que seja um pouquinho, se você for mulher. É, sem sombra de duvidas, uma das protagonistas femininas que eu mais amei. E talvez a que eu mais tenha me identificado em vários aspectos. Não no sentido intelectual ou no jeito de se vestir. É difícil explicar, pois foram aspectos sutis dela que eu acabei me identificando. Só o fato de ela existir no enredo, me fez gostar automaticamente de 50% da história. Os outros 50% ficou por conta de Mikael e do mistério do desaparecimento de Harriet.

Aliás, a melhor cena do livro foi quando Lisbeth se vinga de um homem. Um homem nojento e asqueroso. É uma cena extremamente pesada, mas que eu vibrei na leitura. Senti-me vingada por ela. Senti que, talvez se fosse eu no lugar dela, teria vontade de fazer exatamente igual. Não sei se teria coragem, então, me realizei ao ler sua atitude. E acredito que muitas mulheres sentiram o mesmo com a leitura. O mais interessante, é que mesmo o autor sendo homem, ele realmente captou o sentimento feminino nessa situação especifica.

Quando eu comecei a ler, fiquei curiosa para saber o motivo do título do livro. Mas confesso que só fez sentido pra mim, perto do fim. Ao terminar a leitura, você percebe que Stieg não poderia ter escolhido título melhor. E ainda fica admirada com o fato de um homem abordar um tema desses com tamanha precisão. Na verdade, me sinto até agradecida a ele, por criar uma história tão bem feita sobre um assunto tão sério do mundo feminino.

Talvez o desfecho do mistério seja até óbvio para algumas pessoas. Confesso que não fiquei surpresa, mas ainda assim, admirei o desenrolar todo e fiquei muito satisfeita com o final. Muito em breve, pretendo ler A menina que brincava com fogo (continuação).




E só para comentar um pouco sobre a adaptação cinematográfica, quero dizer que foi extremamente bem feita. Claro, alguns detalhes foram deixados de lado, mas nada que tirasse a essência da obra literária. A atriz que interpretou Lisbeth foi espetacular na atuação. Recomendo tanto o livro, quanto o filme.

Uma pena o autor ter falecido antes da sua trilogia se tornar um sucesso.

A arte da capa é muito bonita. O papel é bom de ler e as letras tem um tamanho confortável.

Recomendo para quem quer apreciar uma boa obra literária.


Por: Mar

2 comentários:

  1. Gostei bastante da resenha.
    Seguindo o blog.
    Beijos
    Isabelle
    http://www.verbosdiversos.com/2013/12/sorteio-akelon-marcadores.html

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  2. Oi Mar! Acabei de esbarrar pelo seu blog (no skoob) e gostei muito das suas resenhas! Vi que seu blog também é recém nascido e me surpreendi pela qualidade! Parabéns à vc e à Mel! Meu gosto literário é parecido com o de vocês.
    Sobre esse livro, é um dos meus favoritos! E acho que você vai amar os outros dois (caso ainda não tenha lido)!
    :*

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